sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Caracteres da Verdade


Há algum tempo, tenho falado com meus amigos sobre este assunto e, por isso, resolvi passar minhas ideias para o papel – ou melhor, para o computador. Até mesmo para organizar o pensamento em torno dessa questão e também colocá-la em discussão. 
Afinal como se pode definir a verdade? Ou melhor dizendo, como podemos defini-la aos olhos da doutrina espírita? A tarefa é complexa, por isso tentarei expô-la da forma mais simples que eu puder.
Compreendemos o espiritismo como sendo uma filosofia, uma ciência e uma religião. Assim sendo, para entendermos a óptica espírita acerca da verdade, devemos, antes de tudo, compreender a óptica própria destes três campos, separadamente.
Comecemos, então, pela filosofia: para ela, a verdade não é algo que se possa definir, entretanto, é aceito por boa parte dos filósofos que a verdade reside no pensamento lógico comprovado pela experiência prática. Ou seja, para que uma ideia seja considerada parcialmente verdadeira, esta deve ser no mínimo lógica e comprovada por meio de evidências experimentais. Entretanto, para a filosofia, mesmo que uma ideia satisfaça essas exigências básicas, ela não corresponde à verdade e sim, a uma parcela dela e pode, futuramente, simplesmente deixar de ser verdadeira. Esse conceito de verdade se aproxima, então, da ótica da ciência.
A ciência, ao contrário do que muitos pensam e pregam, não é determinista e encara a verdade mais ou menos como a filosofia. E, apesar de tomar como verdadeiro somente aquilo que pode ser percebido pelos sentidos, não descarta a possibilidade de que outros fatores, não observáveis até o momento da experiência, possam influenciar em futuras experimentações.
Na verdade, os cientistas até curtem, quando algo que era tomado como certo deixa de ser, pois, ao invés de se frustrarem com isso, eles enxergam nisso uma nova lei, e, portanto, um novo campo de trabalho e pesquisa.
Dessas duas ópticas, tão similares, daremos um salto para a óptica da religião, pois ao contrário das duas anteriores, ela tem uma visão determinista e pouco abrangente, pelo menos no quadro atual.
Antes de falarmos da óptica religiosa, queremos deixar claro que, tomaremos como referência, apenas as religiões ditas cristãs. Pois bem, para essas religiões, a verdade é a verdade que está na palavra de Deus, que, por sua vez, está sintetizada na bíblia sagrada. Desse modo, não poderíamos aqui fazer qualquer comentário sem correr o risco de ferir a liberdade religiosa dos amigos leitores, que por ventura, aceitem essa óptica de verdade. Entretanto, podemos dizer que o Espiritismo não pensa assim, pois, no que diz respeito aos textos bíblicos,a doutrina espírita aceita como verdade somente aquilo que satisfaça à razão e que não contradiga a perfeição, a bondade, a onipotência, a onipresença e a justiça de Deus.
Enfim, chegamos à óptica Espírita.
Como vimos, para a filosofia e para a ciência, a verdade está na lógica e na experimentação, enquanto que para a religião está somente nos textos bíblicos. Assim, de forma resumida, é fácil percebermos que há um abismo entre a religião e os outros dois campos de conhecimento (Filosofia e Ciência). Mas, então, como o Espiritismo pode atuar nestes três campos sem sofrer nenhuma contradição em suas bases? Isso é bem simples. Assim como a filosofia e a ciência, o espiritismo entende como parcela de verdade tudo aquilo que é lógico e que possa ser comprovado experimentalmente, entretanto, os argumentos filosóficos do espiritismo compartilham das mesmas máximas morais do cristo. E têm como objetivo o autoconhecimento e a ascensão do espírito até Deus. Portanto, tomando como base as palavras do próprio Jesus, que disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” podemos dizer que a doutrina espírita entende uma ideia como verdadeira, desde que ela seja lógica, experimentalmente comprovada e, sobretudo, libertadora.

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