sexta-feira, 27 de abril de 2012

Aquela cadeira vazia


Christopher Brennan, “Sun on an Empty Chair”.


O maior problema é quando a gente se depara com um espaço vazio e sabe que ele não voltará a ser preenchido.

É complicado tentar fazer com que as coisas voltem ao seu lugar, quando não se tem esse poder. Tentar mudar tudo, achar um jeitinho de fazer tudo ser diferente, como se de alguma forma desse para voltar no tempo e impedir o acontecimento.


Talvez a única forma de ocupar a cadeira vazia seja por meio dessas palavras, que estão sempre cheias de sentimentos. De alguma forma tentar verbalizar aquilo que já não é mais tangível torna tudo mais vívido, ou talvez seja apenas um consolo.

A certeza de que não há mais volta é a mais dolorosa, faz com que você olhe para o céu sem conseguir enxergar nada, nem mesmo a beleza das estrelas. Essa certeza te corrói por dentro, te faz querer gritar até perder a voz e rezar mesmo sem ter religião alguma.

É uma sensação de perder o chão, literalmente, sentir-se caindo em um abismo cada vez mais fundo, onde nada mais é conhecido, onde a segurança não passa de uma boa lembrança. E por falar em lembranças todas elas estão em volta de você enquanto você desliza durante a queda desse túnel sem fim.

Uma hora, é claro, é necessário segurar-se em algo para retomar a subida e torcer para que aquela queda não tenha sido assim, tão longa. No caminho de volta as lembranças não vão deixar de te assolar, mas de alguma forma existe um modo de usa-las como um conforto e como uma força para seguir em frente.-

Hoje já não há cadeira vazia, hoje você é essa força, pai.

Essa é a mensagem de um filho que assistiu muito cedo ao desencarne de seu pai, ou seja, quando ele estava entrando no 8º ano do ensino fundamental, em 2007. Imaginem só, quão cedo isso se deu! Mesmo que ainda hoje ele continue muito jovem, no entanto, agora tem a certeza de que a cadeira não está vazia: é que ele muito provavelmente tem buscado compreender cada vez mais essa passagem de O Evangelho segundo o Espiritismo chamada O Ponto de Vista:

A ideia clara e precisa que se faz da vida futura dá uma fé inabalável no futuro, e essa fé tem consequências imensas sobre a moralização dos homens, quando muda completamente o ponto de vista sob o qual eles examinam a vida terrestre. Para aquele que se coloca pelo pensamento, na vida espiritual que é indefinida, a vida corporal não é mais que uma passagem, uma curta estação num país ingrato. As vicissitudes e as tribulações da vida não são mais que incidentes que recebe com paciência, porque sabe que não são senão de curta duração, e devem ser seguidos de um estado mais feliz; a morte nada mais tem de apavorante, e não é mais a porta do nada, mas a da libertação que abre, ao exilado, a entrada de uma morada de felicidade e de paz. Sabendo que está em um lugar temporário, e não definitivo, recebe as inquietações da vida com mais indiferença, e disso resulta, para ele, uma calma de espírito que lhe atenua a amargura.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Já não é necessário andar por aqueles lados



E aqui estamos de novo, falando sobre caminhos.

Qual caminho é mais coerente tomar?

Eu acho que essa é uma questão cuja solução é fácil de explicar para si mesmo ou para o outro, mas que é difícil de cumprir. Ficar parado com o a boca aberta para o céu, esperando milagres, tal atitude não irá resolver esse problema.
Então, primeiramente, temos que agir (o que nos torna humanos é a razão, pense antes de agir, pois se não o fizermos iremos nos decepcionar).
Sabe, muitos vieram e muitos foram. Alguns aprenderam. Já outros se arrastaram para a decadência.
O nosso ego não deixa que fique tudo claro, e sentimos raiva de outros irmãos e, então, é quando caminhamos para a nossa ruína.
Em tal situação ficamos sem razão, e, muitas vezes, mesmo sabendo que estamos errados preferimos jogar a culpa nos outros.

Jesus Cristo passou por tudo isso, ele instituiu a Lei de Deus definitiva e, agora, ele não precisa, necessariamente, voltar, pois já nos deixou seu legado.

Pois bem, há outras tantas mensagens que nos chegam sem parar, pela arte, pela música, e, em muitas delas, eu vejo uma espécie de ensinamento, sobretudo, se muitos de nós parássemos para pensar a respeito de tais ensinamentos e refletir. Assim, seríamos poupados de muitos sofrimentos!

Parece que já temos os princípios, os instrumentos e tantos escritos, mas poucos se esforçam para mudar o planeta! De qualquer modo, esse vai ser um lugar melhor, pois aqui só vão ficar os pacientes e bem-aventurados, aqueles de nós que tiverem paciência para enfrentar o pouco que resta enfrentar, afinal, estas expiações, as nossas, são fracas perto de tantas outras!

E vejo meus irmãos desistindo tão fácil!

Mas ampliaremos nossos entendimentos. Somente assim viveremos em um lugar melhor. Para tanto, precisamos ser pessoas melhores.

Eu que já fui macaco, depois impostor, assassino, um poeta e um cantor...
Eu que já vivi tanto: vejo que ainda tenho o que traçar! Graças a Deus!

Vou tremer!
Como um chão de terremotos
Como amor remoto
Que eu não sei viver...

Vou viver!
Vou poder contar meus filhos
Caminhar nos trilhos
Isso é prá valer...

Pois se uma estrela
Há de brilhar
Outra então tem que se apagar
Quero estar vivo para ver
Oh!
O sol nascer!
O sol nascer!
O sol nascer!...

Eu!
Vou subir!
Pelo elevador dos fundos
Que carrega o mundo
Sem sequer sentir...

Vou sentir!
Que a minha dor no peito
Que eu escondi direito
Agora vai surgir...

Vou surgir!
Numa tempestade doida
Prá varrer as ruas
Em que eu vou seguir
Oh!
Em que eu vou seguir!
Em que eu vou seguir!...






sexta-feira, 13 de abril de 2012

Direito à vida! Direito ao refazimento!

Esta semana fiquei intrigado com um assunto corrente nos jornais: anencefalia. Já ouviram falar disso? De modo resumido, trata-se de uma má-formação do cérebro durante o período de gravidez. Porém, o que me inquietou não foi exatamente a anencefalia, mas o fato de que, ontem, dia 12/04/2012, foi aprovada a lei que possibilita o aborto nesses casos. Ou seja, quando o feto em formação apresentar um quadro de má-formação deste tipo, a mãe pode optar pela interrupção da gestação e ter o respaldo de que o procedimento cirúrgico ocorra em hospitais públicos, por exemplo.
Além do caso citado acima, com a aprovação desta lei, o Brasil, evidentemente, passa a dar subsídios legais também para o aborto nos casos de violência sexual e em gestação que ofereça riscos à vida da gestante. Nesse último caso, é importante lembrar aqui, temos mesmo um respaldo na codificação Espírita e que transcrevemos a baixo:

Dado o caso em que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe, haverá crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?
“É preferível que se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar o que já existe.” (Questão 359 de O Livro dos Espíritos)
               
Aqui, é também importante que façamos uma observação: quando os espíritos mencionam a expressão “ser que ainda não existe” referem-se ao que diz respeito às questões meramente físicas, portanto, desse futuro ser no plano da encarnação, obviamente. E apenas essa questão já oferece muito assunto para uma outra postagem, ou seja, voltaremos a tratar disso!
Contudo, assim sendo, podemos entender que o aborto é algo bacana de se praticar e por isso a lei brasileira resolveu prevê-lo em suas linhas, como algo legítimo? 

Evidentemente que não!

Primeiro, devemos entender que a lei humana ainda está fadada ao erro daqueles que a constroem, e, porque se baseiam tão somente nas observações materiais, eles não podem calcular a infinita estrutura que compõe a história individual de cada ser vivente na terra. Ou seja, por assim dizer, toda a filigrana que envolve as relações entre corpo material e perispírito, o equivalente ao "corpo do espírito" por assim dizer.
Cabe, então, a nós, que já recebemos em nossos corações a Divina revelação da imortalidade da alma, ponderarmos sobre tudo isso.  
É também por isso que agora podemos compreender nossa posição, enquanto espíritas, diante dessa questão tão importante: compreendemos que os espíritos que necessitam passar por esta experiência, ou seja, a da má-formação fetal, recebem, ao contrário de uma punição, uma chance de refazimento e reconstrução de toda sua estrutura moral e "corpórea" (inclusive do próprio perispírito) a fim de candidatar-se a um novo corpo. Assim, podemos aquietar nosso pensamento com relação a isso, se ainda tínhamos dúvidas em relação ao porquê há crianças com anencefalia e que possuem expectativa de vida muito curta, embora não se possa estabelecer com precisão o tempo de vida que terão fora do útero.
De qualquer modo, deixo aqui meus sinceros votos, de que esta lei não seja encarada como incentivo à descabidas interrupções gravídicas. É também necessário compreender que se, afinal, algo tão grave figura agora nas linhas da legitimidade jurídica de nosso país é porque assim foi permitido por Deus, e de nossa parte, homens e mulheres, potencialmente pais, cabe a sabedoria no momento de decidir se daremos, ao espírito em tais condições, a honra da experiência que lhe compete experimentar ou tão somente a dor da rejeição dos pais!
De minha opinião particular, declaro-me opositor à referida lei, por considerar o aborto algo contrário a lei Divina, salvo a observação citada de O Livro dos Espíritos.

Uma unidade neonatal onde a choradeira foi substituída pela tranquilidade
 Esse é o resultado de uma experiência iniciada há três meses no Hospital Universitário de Maringá (HUM).
Os recém-nascidos prematuros ou abaixo do pe
so ideal são colocados em redes, instaladas dentro das incubadoras.
 Além de acalmar os bebês, o método está ajudando no desenvolvimento das crianças.A ideia surgiu por acaso. A auxiliar de enfermagem Isabel Leli não sabia mais o que fazer para acalmar os bebês, que não paravam de chorar.
Segundo a auxiliar de enfermagem, a criança se acalma porque a rede simula o espaço intrauterino da mãe.
“Quando o bebê nasce, ele sofre um trauma, pois deixa um espaço onde está aconchegado e se sentindo seguro.
A rede passa a sensação de um espaço com limites, que acalma o bebê”, explica. As “redes neonatais” do HUM
são feitas com pedaço de corda e flanela, um tecido que não irrita a pele dos bebês.
Sim, sempre haverá espaço para a reação amorosa para com todos!
E sempre haverá aqueles que aceitam a inspiração da espiritualidade amiga!
Graças a Deus!

terça-feira, 3 de abril de 2012

And my love does it good

Acho que eu sempre fico meio indignado com os comentários que aparecem sobre o amor. Vou tentar explicar melhor em que consiste essa minha "indignação".

Todas as pessoas negam ter amado após sofrerem uma desilusão e dizem: “ah, isso não foi amor”, “amor é pra sempre” ou até o clássico chavão: “se fosse amor não tinha acabado”.  Acho que as pessoas deveriam entender de uma vez por todas que o amor será sempre algo volúvel, enquanto nós somos volúveis.

Muitas vezes vejo pessoas dizendo que o namoro que termina não foi nada mais do que uma perda de tempo, um tempo que é insubstituível. Eu penso de uma maneira totalmente diferente, um namoro é mais do que uma aposta no futuro, é um brinde ao presente e a todos os momentos, ele é uma troca de experiências e afeições. Tenho certeza que nós acabamos amadurecendo muito durante um relacionamento e, às vezes, também mediante o seu término.

Temos que parar de enxergar somente aquilo que queremos ver. O amor não é único, o humano tem a capacidade de amar incondicionalmente e ilimitadamente, mas não é por isso que devemos desvalorizar o que temos, pensando que sempre haverá uma outra chance mais a frente.

Amem uns aos outros, afinal o amor paixão é somente mais uma subdivisão do sentimento e na realidade é apenas uma das menores partes. O amor próprio e o amor ao próximo são práticas que deveríamos explorar mais, afinal o humano sem seu grupo não é nada.

Isso nos faz pensar na verdade das palavras do Evangelho segundo o Espiritismo, nessa passagem, e que pode servir perfeitamente para concluirmos nossa reflexão sobre esse tema:

O amor é de essência divina, e, desde o primeiro até o último, possuís no fundo do coração a chama desse fogo sagrado. É um fato que pudestes constatar muitas vezes; o homem mais abjeto, o mais vil, o mais criminoso, tem por um ser, ou por um objeto qualquer, uma afeição viva e ardente, à prova de tudo que tendesse a diminuí-la, e atingindo, frequentemente, proporções sublimes.
Disse eu por um ser ou por um objeto qualquer, porque existem entre vós indivíduos que dispensam tesouros de amor, dos quais seus corações transbordam, sobre animais, sobre plantas e mesmo sobre objetos materiais: espécies de misantropos se queixando da Humanidade em geral, resistindo contra a tendência natural de sua alma que procura, ao seu redor, a afeição e simpatia; eles rebaixam a lei de amor ao estado de instinto. Mas, qualquer coisa que façam, não saberão sufocar o germe vivaz que Deus lhes depositou nos corações, na sua crianção; esse germe se desenvolve e engrandece com a moralidade e a inteligência, e, ainda que comprimido pelo egoísmo, é a fonte de santas e doces virtudes que fazem as afeições sinceras e duráveis, e vos ajudam a transpor a rota escarpada e árida da existência humana. 


Vagalumeria no Programa Juventude Maior da Rádio Boa Nova,
da esquerda para a direita: Ricardo Godoy (da Banda Deck Rock) Ygor Aléxis El Hireche (da Banda Deck Rock,  é quem assina essa postagem na Vagalumeria), Nathan Gonzales (Programa Juventude Maior), Josafá Crisóstomo (Vagalumeria) Matheus Ferreira (Vagalumeria) Wilton Oliveira (Vagalumeria) e Ana Cláudia Faccin (Programa Juventude Maior)