sábado, 30 de junho de 2012

um poema lição


Certa vez ouvi a poetisa mineira Adélia Prado, que é bastante conhecida também por seu trabalho junto a igreja católica, durante um colóquio, afirmar que Santa Teresa de Ávila, após seus êxtases místicos, dizia: "Mais um minuto e eu teria morrido..." 

Tal personagem santa e histórica é admirada por muitos, quer por seu exemplo narrado, quer pelos registros de seus depoimentos. Há inclusive um poema anônimo lhe foi atribuído e que foi vertido para o português por ninguém menos do que pelo nosso poeta Manuel Bandeira.


O poema é primoroso na sua construção (é um soneto) e é um exemplo de entrega e comoção no caminho da luz, pois de profundo respeito ao exemplo do Cristo e ainda que sendo uma santa da igreja católica nos dá um exemplo muito próximo da verdade espírita, em todo ele, mas, sobretudo, no primeiro terceto do poema: não precisamos do céu ou do inferno para praticar a caridade cristã e também para saber que não viver nesse amor é já estar condenado à distancia do mesmo que o Cristo quis e isso é pior que as sugestões de inferno que a igreja católica tanto propagou.


[Soneto anônimo / atribuído a Teresa de Ávila, 1515-1582]

Ao Cristo crucificado

Não me move, Senhor, para querer-te,
o céu que me hás um dia prometido;
nem me move o inferno tão temido,
para deixar por isso de ofender-te.


Move-me tu, Senhor, move-me o ver-te
cravado nessa cruz e escarnecido;
move-me no teu corpo tão ferido
ver o suor de agonia que ele verte.

Move-me ao teu amor de tal maneira,
que a não haver o céu eu te amara
e a não haver o inferno te temera.

Nada tens a me dar porque te queira
pois se o que ouso esperar não esperara,
o mesmo que quero te quisera.

(Tradução de Manuel Bandeira, 1886-1968)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Como é grande o grão de mostarda!


Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível... (Mateus, cap. XVII, v. 20).

É comum ouvir dos espiritas que sua fé é raciocinada. Mas o que é isso?

Para podermos responder esta pergunta, vamos definir o que é fé e o que é razão. Resumidamente: FÉ é a firme convicção de que algo seja verdade, sem necessidade de uma prova. Enquanto a RAZÃO é a capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a partir de conceitos lógicos.
A primeira vista parece-nos impossível alcançar a chamada fé raciocinada, pois os argumentos anteriores se contradizem em suas próprias definições.

Como resolver essa “equação” ?

Vamos fazer uma reflexão. Se o espiritismo propõe a fé raciocinada e nós, enquanto espíritas, consideramos essa máxima uma verdade, temos, por dever, que começarmos  a entender  que está afirmativa carece também de uma explicação lógica, por essa linha de pensamento, podemos afirmar  que os argumentos espíritas justificam sua posição.

Tomemos como exemplo a seguinte sentença:

A água é um fluido.
Podemos alterar as propriedades de todo fluido.
Logo, a água pode ter suas apropriadas alteradas.

Conta-nos os textos bíblicos que o primeiro milagre de Jesus foi transformar a água em vinho.
Assim, Jesus mostrou que através do nosso pensamento e, mesmo que tenhamos nossa fé do tamanho de um grão de mostarda, podemos atuar sobre a matéria, modificando-a. 
E a única coisa que nos impede de realizarmos os mesmos feitos que Ele é a nossa falta da fé, atuando em comunhão com o conhecimento.

Para finalizarmos, façamos mais um exercício de raciocínio lógico:

A vida futura é uma verdade.
Egoísmo é um sentimento ruim.
A felicidade está em função dos bons sentimentos.
Logo, se sou egoísta, a vida futura, ao menos para mim, será infeliz.

Sendo assim, concluímos que a fé sem obras é mesmo algo inútil e, que a maior obra que podemos realizar é o nosso engrandecimento moral. 
Pois, somente assim, nossa fé estará sustentada pela razão.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Here Are Young Men!


"Aqui estão os jovens" é essa a tradução do título dessa postagem.
Inicialmente, quero que alguém me responda: você sabe o que é filosofia?
Filosofia vem da junção do termo grego, “philos”, que é derivado de “philia” e que significa amizade, respeito, amor, com a palavra “sophia” que significa saber, sabedoria. Ou seja, filosofia é amar o saber, ou ter amizade e respeito pela sabedoria.
Mas como amarmos o saber?
Pensando!
É pensando que vamos chegar a alguma conclusão.
Por exemplo: Aqui estão os jovens, mas para quê?
Em minha última postagem eu falava sobre orgulho. Pois bem, vou dar uma esticada nela. rsrsrs.
Se pensássemos mais no porquê de estarmos aqui, e em qual é o nosso lugar nesse mundo, viveríamos mais satisfeitos. Pessoas que têm um nível de orgulho mais baixo sabem controlar melhor as situações problemáticas em que se envolvem, ou seja, de uma maneira que tal pessoa possa explicar a outra como não se magoar por um determinado acontecimento desagradável.
Não adianta passarmos por cima de tudo, com violência, com arrogância, e esquecermos que vamos sofrer as consequências dessa desmedida.
Aceitarmos que podemos estar errados e que não estamos preparados para seguirmos determinado caminho, ainda é a melhor maneira para não virarmos estatísticas negativas.
Jovem, pense, ame o saber, seus conflitos vão ser resolvidos assim, pois:

Se meu filho nem nasceu, eu ainda sou o filho, 
e se sou eu ainda jovem
passando por cima de tudo o que serei depois?

O que será de nós se não ligarmos para o Pai?
Como será a próxima geração?

Quando se sabe ouvir
não precisam muitas palavras.

Ou seja, se você quiser ouvir e aprender, ninguém vai repetir algo para nós.
Jovens nós somos espelhos do que fazemos: o seu próprio ato é ao mesmo tempo seu reflexo.
Não deixemos que o ódio ou a matéria suba a nossas mentes.
A matéria é feita para nos auxiliar a deixarmos de sermos orgulhosos, egoístas e invejosos.
E para aprendermos a suprir as necessidades da carne com equilíbrio.
Sejamos felizes, tenhamos ambições que não firam outras pessoas!




terça-feira, 5 de junho de 2012

O Orgulho


Hoje vou falar um pouco de mim, pois passei por algumas experiências em que verifiquei que não aprendi a lidar com este sentimento.

Quero falar sobre o orgulho.

Espero ser útil, inclusive, a uma amiga. Que essa postagem possa ser uma contribuição. Apenas desejo lhe sugerir aqui uma mudança de postura, uma vez que compreendo que isso prejudica de certa forma sua vida social.

Não é que fui pego de surpresa? Descobri que sou uma pessoa muito orgulhosa, e não enxergava isso no meu espelho. Mas, antes de falar do meu orgulho, vou tentar defini-lo do meu ponto de vista, com base no dicionário e no evangelho.

Segundo o dicionário: “Orgulho é um sentimento de satisfação pela capacidade de realização ou um sentimento elevado de dignidade pessoal. Em Português a palavra orgulho pode ser vista tanto como uma atitude positiva como negativa dependendo das circunstâncias”.

Com base nessa definição, é possível entender que, podemos sim, sentir orgulho pelos nossos feitos, entretanto, tomando o devido cuidado para não sermos contraditórios com a definição de caridade, que é modesta, simples e indulgente conforme nos ensina o evangelho.

Ao descobrir que sou uma pessoa orgulhosa realmente me assustei. Esse sentimento justifica-se pela grande dificuldade que tenho em me reaproximar de uma pessoa, e que, em outros tempos, me foi muito querida. 
Assim sendo, sinto-me à vontade para usar as palavras de Renato Russo:


Quantas chances desperdicei,

Quando o que eu mais queria

Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém...

Infelizmente, o sentimento de orgulho que hoje experimento, não é aquele definido pelo dicionário. Ao contrário, é aquele sentimento que retarda minha evolução colocando-me em tão pequena escala. Conforme nos esclarece o amigo Santo Agostinho:
O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, porque é a fonte de todos os vícios.