Sim, por vezes, vivemos como autômatos, ou seja, sem
consciência dos próprios atos e como que teleguiados por interesses estranhos
àqueles que nos serviriam melhor, a nós mesmos, ao nosso espírito, porque mais
benéficos também a todos os que nos cercam: nossos irmãos e todas as criaturas
de Deus.
Quando assim procedemos, isso só é possível, porque essa liberdade nos foi concedida pelo Deus
de amor – até mesmo a liberdade de
não se sentir ou não querer se tornar responsável pela própria melhoria ou
mesmo de não desejar participar do progresso da alma em direção à comunhão com
as esferas iluminadas pela comunhão com o amor divino.
O amor de Deus respeita nossa ignorância ou o tempo
necessário até que cansemos de sofrer, afinal muito se sofre quando não se mede
as consequências dos próprios atos impensados. E por isso, tão somente, é que
respondemos pelas consequências de nossos atos – e, assim sendo, podemos
afirmar com toda convicção que não existe “castigo de Deus”, mas um amor divino
que nos confrange por querer nos salvar.
É também por isso mesmo que precisamos “ouvir” mais os espíritos protetores e que tanto
nos auxiliam, sobretudo ao nos lembrarem de tais circunstâncias.
Vejam vocês, se não é isso mesmo o que também encontramos
nessa comunicação de... “um espírito protetor” e que Allan Kardec publicou no
seu Evangelho segundo o Espiritismo:
Quando considero a
brevidade da vida, fico dolorosamente impressionado pela incessante preocupação
da qual o bem-estar material é para vós o objeto, ao passo que ligais pouca
importância e não consagrais senão pouco ou nenhum tempo ao vosso
aperfeiçoamento moral, que deve vos ser contado para a eternidade. Crer-se-ia,
ao ver a atividade que desdobrais, que ela se prende a uma questão do mais alto
interesse para a Humanidade, enquanto que não se trata, quase sempre, senão em
vos esforçar para satisfazer
necessidades exageradas, a vaidade, ou vos entregar aos excessos. Quantas
penas, cuidados e tormentos se inflige, quantas noites sem sono para aumentar
uma fortuna, frequentemente, mais do que suficiente! Por cúmulo da cegueira,
não é raro ver aqueles a quem um amor imoderado da fortuna e dos gozos que ela
proporciona, sujeita a um trabalho penoso, orgulhar-se de uma existência dita
de sacrifício e de mérito, como se trabalhassem para os outros e não para si
mesmos. Insensatos! Credes, pois, realmente, que vos será tido em conta os
cuidados e os esforços dos quais o egoísmo, a cupidez, ou o orgulho são os
móveis, enquanto que negligenciais o cuidado do vosso futuro, assim como os deveres
da solidariedade fraternal impostos a todos os que gozam das vantagens da vida
social! Não haveis pensado senão em vosso corpo; seu bem-estar, seus gozos
foram o único objeto de vossa solicitude egoística; por ele que morre, haveis
negligenciado o vosso Espírito que viverá sempre. Assim, esse senhor tão
estimado e acariciado tornou-se o vosso tirano; comanda vosso Espírito que se
fez seu escravo. Estava aí o objetivo da existência que Deus vos havia dado?
(UM ESPÍRITO PROTETOR, Cracóvia, 1861)
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